"Namoradinha de Romário", transexual Thalita Zampirolli mostra em ensaio por que ele não notou nada: ‘Tive um namorado que só soube dois anos depois’

 

Um flagra seu, de costas, saindo de mãos dadas com o ex-camisa 11 da seleção Romário na saída de uma casa de shows no Rio na madrugada da sexta, 13, mudou a vida da transexual Thalita Zampirolli, de 24 anos. Há cinco dias, quando sua identidade e condição sexual foram reveladas pela Retratos, a jovem foi lançada à fama instantânea. “Não estou conseguindo dormir”, contou ela, enquanto era maquiada para o ensaio que a Retratos publica neste domingo, 22.

 

“Minha vida mudou completamente. Fui à praia e todo mundo ficou me olhando, veio me abordar. A exposição é enorme e não foi algo que busquei. Ainda estou tentando me adaptar a essa nova fase”, conta ela, que ainda não sabe dizer se o saldo do episódio é positivo ou negativo.

 

Fato é que a fama repentina ainda não surtiu efeito em seu trabalho. Modelo fotográfico — talento esse que ela esbanja nessas fotos —, Thalita diz não ter recebido nenhuma proposta concreta depois da sua história vir à tona. “Não ganhei nada com isso”, afirma ela, negando ser oportunista. “As pessoas me julgam o tempo todo, como se eu tivesse armado tudo isso. Se eu quisesse aparecer, teria feito fotos comprometedoras".

 

 

Figurinha fácil em eventos no Rio, Thalita conta que já teve affair com outras celebridades, “globais, inclusive”. Algumas delas teriam ligado para ela após descobrirem que ela havia passado por uma cirurgia de mudança de sexo. “Teve quem dissesse: ‘sacanagem você não ter me contado’. Ficaram bravos. Mas eu não vou chegar para uma pessoa e dizer: ‘oi, eu sou trans’. Defendo a causa LGBT, acho importante você levantar a bandeira. Mas eu me sinto uma mulher. Não vou ficar falando para as pessoas que sou operada, porque não vejo como uma necessidade”.

 

Avó pagou mudança de sexo

 

Thalita fez a cirurgia de mudança de sexo com o dinheiro da avó — o procedimento foi feito logo após completar 18 anos, com o apoio da família, com um cirurgião plástico em São Paulo. “Antigamente, as cirurgias de mudança de sexo eram uma mutilação. Hoje, as técnicas estão mais avançadas. As terminações nervosas na região genital ficam preservadas. Eu sinto prazer como qualquer mulher. Só não tenho a mesma lubrificação de quem já nasceu com o órgão sexual feminino”, explica ela, justificando como não teria sido “descoberta” na hora H pelo Baixinho. “Não notou nada. Tive um namorado que só soube que eu era operada porque eu contei, dois anos depois. Não dá para saber olhando”.

 

 

A modelo diz que não precisa de acompanhamento psicológico para lidar com o preconceito que vem sofrendo. “Já estava muito certa do que eu queria para a minha vida. Não tinha dúvidas. Se as pessoas não querem me aceitar como eu sou, não é um problema meu. Eu sei o meu valor”, conta ela, que quer consolidar sua carreira artística, apesar de se dizer formada em desenho industrial pela UFRJ. “Quero trabalhar. Faria um ensaio nu, sim”, afirma.

 

Thalita saiu com Romário em Brasília

 

Thalita, no entanto, deixa escapar certo desapontamento por estar sendo vista com outros olhos por pessoas que já a conheciam no Rio. “Os porteiros do meu prédio passaram a olhar para mim de outro jeito. Mas eu também não posso fazer nada”, diz ela, que divide um apartamento com dois amigos e diz ter ajuda financeira dos avós aposentados para se manter na cidade — a mãe morreu quando tinha 12 anos e o pai, de uma família tradicional do Espírito Santo, não tem muito contato com ela. A beldade diz ficar chateada com as insinuações de que seria garota de programa. “Já entrei com advogado para retirar fotos minhas de páginas de acompanhantes”.

 

Mesmo após Romário ter dito que ela era só uma “amiga”, a morena o poupa das críticas. “Ele sempre foi muito bom para mim. Só que a forma de defesa dele deu a entender que eu estava mentindo. E eu não quero passar por mentirosa. Da minha parte, poderemos ser amigos”, minimiza ela, que revela ter se encontrado algumas vezes com o deputado federal em Brasília, onde ele dá expediente. “Quando eu ia para lá a trabalho, aconteceu de a gente se ver, sim”, diz, sem entrar em detalhes.

 

Otimista, a jovem tem planos românticos para sua vida. “Quero me casar e ter filhos, por que não?”, afirma ela, que vê algo de bom nessa exposição forçada: “Quem quiser se relacionar comigo, vai se relacionar sabendo o que eu sou de verdade”.

 

 

A casa caiu, baixinho!